1996 a 2016 – 20 anos de Luta
"Não quero
ser privilegiado, mas há coisas que nos magoam. Eu faço mais que a conta e
ainda por cima, vejo injustiças e faltas de respeito. Dizem me coisas pela
frente que me magoam, imagino o que dizem por trás.
Se sou alvo
a abater que me digam, que me retiro sem alarido, mas se sou alguém capaz, com
empenho e iniciativa, acho que deve dar reconhecimento e apostar e não o
contrário. Não se piquem foi só um desabafo, de quem já está farto de
injustiças... EU SÓ QUERO AJUDAR MAIS NADA, NÃO QUERO ROUBAR LUGAR NENHUM.
No fim disto
tudo, obrigado Deus por estares no meu lado. Sinto me nesse aspeto um privilegiado.
Força Lutas
e força quem aposta na modalidade e quem por mim fez fisgas...
Agora 100%
arbitragem e que consiga chegar à internacionalização no MMA, que nesta
modalidade já me pregaram rasteira e me passaram à frente e nem me convidaram
para o ser..."
Assentamento de Espáduas no seu último combate vencido. Foto: Júlio Caldas |
João Vítor
Costa terminou a Carreira como Lutador de Lutas Olímpicas, no evento de
comemoração dos 12 anos da ALADS, na Moita com um brilhante 2 º Lugar. Para
assinalarmos esse ponto do nosso Bloguer/Diretor, copiamos os textos e imagens
do seu livro "1996 a 2016 - 20 anos de Luta" a falar sobre este tempo
que conviveu em simultâneo com esta Nobre Modalidade Olímpica.
Retirado do
Livro "1996 a 2016 - 20 anos de Luta"
Falar destes
20 anos de Lutas Olímpicas é como falar da minha vida privada e não consigo
separar ambas as histórias, porque uma teve influência na outra.
Assim
descrevo, muito resumidamente a minha carreira e vida. No ano de 1996, com
apenas 12 anos de idade, queria praticar uma modalidade desportiva e a escolha
recaiu sobre o Basquetebol. Foi uma escolha natural, porque nessa altura estava
a crescer e era o maior da minha turma.
Entrei para
a equipa de Basquetebol do Galitos Futebol Clube de Santo André – Barreiro.
Passado uns meses, comecei a sofrer de Bullying, tanto na escola como no clube.
Procurei aprender uma modalidade de combate para me defender.
Desde então,
entrei para a modalidade, na mesma instituição, nunca mais sai, foi amor à
primeira vista. Foi uma tal paixão, que acabei por esquecer o que me levou para
ali, simplesmente me apaixonei.
A vida
sempre me tentou separar deste grande amor, e quando os amores são grandes eles
ultrapassam barreiras e assim foi em toda a minha vida.
Em 1997,
perdi a minha Mãe e pouco mais de um ano, perdi Avó Materna. Estes
acontecimentos deixaram-me de rastos, porque era as pessoas que cuidavam de
mim. Com apenas 13 anos, perdi as duas pessoas que mais amava e foi internado
no Centro Social e Paroquial de Santo André – Casa dos Rapazes no Barreiro, uma
instituição de acolhimento de jovens carentes e em risco.
O Treinador
do Galitos, o Lídio Alecrim, soube do acontecimento trágico e das regras da
instituição (de não sair à noite) e foi falar com o Presidente, o Pároco
Armando Azevedo, tendo o convencido de que a modalidade iria-me fazer bem e que
me deixassem ter condições especiais para sair da instituição e jantar mais
tarde.
Até meados
de 2000 tive esse “Estatuto” especial, mas ao longo do tempo, não era o único a
ter essa autorização, já que muitos de outros meus “irmãos”, me quiseram
seguir, participar e aprender a minha paixão que eu tanto apregoava. E assim
foi, num momento critico da minha vida, a Luta me deu a força necessária para
não me revoltar com a situação que a minha vida e me manter em Paz.
Os
resultados positivos na modalidade, na escola e na vida fizeram com que muitos
me vissem como um ídolo, como uma referência. Gostava de entrar no refeitório
da instituição e todos os meus amigos, companheiros e irmãos olharem para mim
como um campeão!
Em 2000 o
Galitos não conseguiu arranjar treinador que desse continuidade ao excelente
trabalho do anterior e encerrou esta modalidade. Nesse mesmo ano, o único clube
com a modalidade no Barreiro era o Santoantoniense Futebol Clube, em Santo
António da Charneca.
O amor falou mais alto e eu e mais um pequeno grupo
fazíamos o mais de 5 km, uma hora de caminho a pé mais de 3 vezes por semana
para irmos treinar. Mais tarde, por causa de ótimos resultados nos Campeonatos
Nacionais e, por consequentemente na Escola, a instituição pagou-nos o Passe
para que pudéssemos ir de autocarro.
Perto do
final de 2001, a vida muda novamente, saio da instituição porque fui
apadrinhado pela Diretora da Instituição e foi viver com a sua família (Pai e 4
irmãos) para a Quinta do Conde em Sesimbra. Aproveito desde já, para agradecer
tudo o que esta família me deu, amor familiar, educação, tranquilidade,
segurança e muito mais. Os melhores anos da minha vida. Quando foi morar para a
Quinta do Conde, ainda estava em treinos e estudava no Barreiro, mas tudo
fizeram para que eu continuasse na modalidade.
No final
desse ano e com uma estabilidade emocional, os bons resultados foram aparecendo
e por consequentemente fui chamado à Seleção Nacional de Luta Greco Romana.
Também tive dois clubes a pedir que me juntasse às suas equipas, uma era o
Sporting Clube de Portugal e a outra era Grupo Desportivo e Cultural do Conde
2. Escolhi a última, porque era perto de casa e também não era grande fã do
outro clube, mas fiquei com o Fato-de-Treino, que me ofereceram, entretanto.
Então, no
início de 2002, assinei pelo Conde 2 e durante três anos, foi extremamente
feliz. Tudo me saía na perfeição, entrei para o Curso de Animação Sociocultural
(Organização e Planeamento) em Setúbal, tirei a Carta de Condução, surgiam
propostas para outro tipo de trabalhos e era imbatível na modalidade e só
perdia para o meu ídolo o Campeão Hugo Passos.
Mas como as
coisas boas acabam depressa, como diz o ditado popular, mais uma vez a vida me
pregou uma partida. No final de 2004, sai de casa em conflito com o Pai e foi
viver sozinho num quarto alugado. Nessa altura, poderia ter largado a modalidade,
mas não, apesar me encontrar em dificuldades, continuei. Sem condições e sem
estabilidade, continuei a combater na vida e na modalidade. Fundei uma Secção
de Lutas Olímpicas na Revista Desportiva “O Praticante”. Revista, esta, que eu
já escrevia sobre a modalidade, há mais de 3 anos. Representei sozinho este
“clube”. Em 2006 juntei-me ao recente clube em Sesimbra o União Desportiva e
Recreativa da Quinta do Conde.
Em 2007,
reencontrei-me com o Pai Biológico. Ele estava a separar-se de sua mulher e iria
viver sozinho e convidou-me para morar consigo e eu aceitei. Voltando para o
Barreiro, tive a oportunidade de inscrever a Sociedade de Cultura e Recreio 1º agosto
Paivense e com dos meus “irmãos” da Casa dos Rapazes, o Hélder Vicente e
iniciamos a função de treinadores. O nosso trabalho em conjunto estava a ter
ótimos resultados e como eramos dois treinadores a Associação de Lutas Amadoras
do Distrito de Setúbal em 2008 convidou-me para assumir o comando da União
Desportiva da Vila Chã do Barreiro.
Nesse ano,
mais uma vez a minha vida dá outra volta, desta feita positiva. Conheci a minha
esposa e consegui um emprego que perdura até aos dias de hoje, na Câmara
Municipal de Almada.
Aqui algumas imagens,suas do livro 1996 a 2016 – 20 anos de Lutas |
Do ano 2008 a 2012, com uma estabilidade emocional, representei o Clube de Lutas do Bastos, o Sport Algoás e Benfica, a Sociedade Recreativa da Baixa da Serra e o Clube Musical União, com alguns resultados positivos. Dentro deste período foi muito difícil frequentar os treinos, porque em Almada trabalhava em regime noturno, das 17h à 01h.
De 2013 a
2015 não tive qualquer contato com o Tapete como Lutador, dediquei-me
praticamente à Arbitragem.
Agora quero
colocar um ponto de final a esta história de lutador e de uma carreira de 20
anos, estive perto de ser atleta do Sport Lisboa e Benfica, mas por problemas
internos do clube, não foi possível a sua concretização. Assim assinei pela
instituição mais antiga com a prática da modalidade, o Ginásio Atlético Clube
da Baixa da Banheira – Moita, como lutador e Treinador Adjunto.
Tive a
oportunidade de estar no Brasil como Voluntário e Assistente de Local da
Competição das Lutas Olímpicas, no Arena Carioca 2 nos primeiros Jogos
Olímpicos da América do Sul e num país de língua portuguesa, no Rio2016.
Assim este
marco, marca 20 anos de Lutador, que se misturam com 15 de Treinador, 14 de
Árbitro e 14 como Dirigente.
Acompanhe-me
no meu percurso nesta modalidade no meu Facebook Público de Treinador e Árbitro
em: https://www.facebook.com/joaovitorcostaarbitro/?ref=page_internal
Desporto Almada,na pessoa do seu coordenador deseja ao João,as maiores felicidades,agora como árbitro.
Sem comentários:
Enviar um comentário